segunda-feira, 18 de junho de 2018


Parmênides e Heráclito sobre o conhecimento, considerando o ceticismo e o dogmatismo como caminhos a serem evitados e a atitude de busca pelo conhecimento como desejável.



                   Para a filosofia assim como para a ciência, a busca o conhecimento é a busca da verdade. Isto posto e considerando a proposta de análise comparada entre os pré-socráticos Heráclito de Éfeso (540-470 a.C.) e Parmênides de Eléia (530 a 460 a.C), é importante estabelecer como ponto de partida os aspectos comuns entre ambos: a busca da realidade para além das aparências e a razão como fonte do conhecimento. (SELL, p. 62)
                   A partir das semelhanças, observa-se que essa busca do conhecimento, para além das aparências e pelo uso da razão são orientadas por diferenças conceituais que distinguem o pensamento de um e outro.
            Heráclito defende uma visão mobilista do universo, ou seja, tudo está em constante movimento, mudança a ponto de somente ser possível definir o ser a partir do não ser. Para ele, a realidade é, necessariamente a unidade de opostos, condição essencial para as constantes, ininterruptas transformações como lei universal. Essa é a realidade inexorável: tudo flui, tudo muda.
            Parmênides se posiciona pela imobilidade justificando que movimento, mudança não existem. Para ele, “ser” é o que existe, logo, a busca do conhecimento deve limitar-se apenas a existência do ser.
            Assim, enquanto o “ser” de Heráclito é contraditório, a realidade puro movimento e o tempo cíclico, para Parmênides o ser é uno, a realidade imóvel e o tempo eterno. (SELL, 2011, p. 62).
                 Analisando os dois filósofos, na perspectiva do ceticismo e dogmatismo, percebe-se que Parmênides, a semelhança de suas próprias ideias de imobilidade, apresenta uma postura mais dogmática do que Heráclito que defende o constante movimento do universo. A crença na  estaticidade de tudo o que existe tende a refletir no pensamento. Se a realidade não se altera, o pensamento não muda. Essa posição reflete o ceticismo e o dogmatismo tão prejudiciais não apenas à filosofia, mas em relação a qualquer forma de conhecimento.
                 Do ponto de vista da Filosofia como movimento, as ideias de Heráclito são as que mais se aproximam dessa concepção. Conforme ele mesmo propõe, tudo flui, tudo muda; as águas de um rio jamais é a mesma. Portanto, tanto pensamento, a razão deve acompanhar o fluxo do tempo, sejam quais forem as circunstâncias.
                 A atitude desejável para a busca do conhecimento está poetizada em Guimarães Rosa: “Quem elegeu a busca, não pode recusar a travessia.”

                                                                   Célia Firmino
                                                      Reflexões Filosóficas – 24.02.2013
Referência:
SELL, Sérgio. História da Filosofia I. Palhoça: UnisulVirtual, 2011.

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