Eu aceito meus pontos mortos, minhas inúmeras dificuldades
de lidar com minhas energias densas, os desequilíbrios que me inquietam. Aprendendo,
no entanto, a não responsabilizar pessoas ou circunstâncias pelas minhas
feridas emocionais. Elas me lembram por que estou aqui.
Eu aceito o fato de que pessoas vão me ferir, assim como eu
também firo pessoas; isso não significa que não as respeite no direito de serem
como são. Eu me aceito, aprendendo, no entanto, a não permitir que instantes se
eternizem como fotografias velhas no tempo e na memória. As pessoas mudam,
assim como eu também mudo. A vida é constante impermanência.
Eu aceito que pessoas não gostem de mim, que sintam aversão
pela minha presença; eu também tenho dificuldades em sintonizar-me com todas
elas. Eu me aceito, aprendendo, porém, que afinidades são conquistas da alma a
exigirem perdão incondicional na infindável esteira do tempo e das
oportunidades.
Eu aceito que às vezes, pela lei do retorno, tenho que
suportar a presença indesejável à minha alma de parceiros em convivência
difícil, sobretudo no trabalho; o outro também precisa me suportar. Eu me
aceito, aprendendo, entretanto que a tolerância é um dos mecanismos divino de
abertura das portas do coração.
Eu aceito a família que tenho, nas condições em que se
apresenta ao meu convívio como primeira escola de aprendizagens da alma, de
reabilitação de nossas transgressões, assim como, de laços afetivos em apoio
mútuo. Eu me aceito, aprendendo que a Lei Divina determina a responsabilizar-me
pelo que cativo, planto e colho, seja dor ou amor.
Eu aceito que Deus me colocou no lugar certo, com as pessoas
certas, adequadas às minhas necessidades espirituais e que não me cabe fugir ao
fluxo da vida, aos deveres a mim impostos frente aos desígnios superiores. Eu
me aceito, aprendendo que meus parceiros de jornada, no círculo da fé, são
frutos das construções reencarnatórias das quais fui responsável também pela
desarmonia estabelecida e que me cabe o esforço pessoal na restauração por meio
do serviço no bem.
Eu aceito as experiências da vida, no planeta em que habito,
com todas as variações de cor existencial característica de seus habitantes em
permanente ciclo provacional e ascendente rumo ao vir a ser. Eu me aceito, aprendendo
que nossa fatalidade é a felicidade após a marcha ascensional realizada em
busca da plenitude.
Eu aceito meus pontos mortos que frustram meu Espírito. Eu me aceito, lembrando que a metamorfose da borboleta se dá após longo processo de permanência no casulo. Assim, a vida na Terra é o nosso abençoado processo de criar asas. Abençoemos, portanto, os desencantos que, provisoriamente, traumatizam nossas almas, pois nos preparam o voo livre para a angelitude.
Andradina, 09 de setembro de 2019.
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